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Presidente da Divisão de Mobilidade do Grupo CCR, com operações metroferroviárias em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, Márcio Hannas defende políticas a favor do transporte integrado

Categoria: Matérias

Publicado em 26 jul 2022

8 minutos

Presidente da Divisão de Mobilidade do Grupo CCR, com operações metroferroviárias em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, Márcio Hannas defende políticas a favor do transporte integrado

Márcio Hannas

Executivo que preside a Divisão de Mobilidade do Grupo CCR, responsável por linhas metroviárias, de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) e de trens metropolitanos em três das grandes metrópoles brasileiras – São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador – Márcio Hannas defende a adoção de políticas públicas que priorizem o transporte integrado no desenvolvimento das cidades.

Hannas seria um dos palestrantes do Fórum de Mobilidade, programado para 27 de julho de 2022, em Brasília, pela Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos, do Brasil (ANPTrilhos) –, mas que foi transferido para 24 de maio de 2023.

Para esse evento  foram convidados os principais candidatos à presidência da República de Brasil no pleito de outubro próximo, mas eles têm evitado a participação em debates dessa natureza.

As opiniões de Marcio Hannas foram expressas em uma entrevista realizada pelos promotores do Fórum da Mobilidade justamente para alimentar os debates previstos para o encontro adiado. São ideias de quem tem vivido a realidade e os desafios do transporte urbano sobre trilhos em grandes centros.

AVANÇOS DA MOBILIDADE URBANA

Com mais de 20 anos de carreira e conhecimento em áreas como suprimentos, finanças, logística e operações, Márcio Hannas  esteve quatro anos à frente do VLT Carioca.

Em janeiro de 2022, assumiu a Divisão de Mobilidade do Grupo CCR, que tem no seu escopo as operações da Linha 4-Amarela de metrô em São Paulo, operada pela ViaQuatro; da Linha 5-Lilás de metrô e Linha 8-Diamante e Linha 9-Esmeralda de trens metropolitanos da capital paulista, operadas pela ViaMobilidade; do VLT do Rio de Janeiro, operado pela VLT Carioca; e o metrô de Salvador, operado pela CCR Metrô Bahia. Essas empresas fazem parte do quadro de Associados da ANPTrilhos.

Indagado sobre as ações necessárias  para o avanço da mobilidade urbana sobre trilhos no Brasil – setor que teve crescimento discreto ao longo dos anos, o presidente da Divisão de Mobilidade do Grupo CCR afirmou que o país precisa de uma “agenda de estado, que contemple a mobilidade urbana como prioridade para o desenvolvimento das cidades”.

Ele sublinhou a importância da autoridade metropolitana de transporte: “O Brasil precisa avançar na regulação e na constituição da autoridade metropolitana, com viés puramente técnico, que poderia organizar o transporte público nas grandes metrópoles. O transporte metroferroviário é estruturante e precisa ser integrado com os demais modais na região metropolitana de forma inteligente e confortável para que o passageiro seja beneficiado com uma malha capilar, que permita o deslocamento mais ágil de um ponto a outro das cidades. A ausência da autoridade metropolitana deixa essa malha de transporte ao sabor de interesses políticos, muitas vezes divergentes, resultando em grande concorrência de modais e inviabilizando a implementação do modal metroferroviário”.

O executivo agregou que na sociedade atual, investir em uma malha de transportes eficiente é investir na expansão da rede de trilhos, em tecnologia, segurança, melhor conexão para pessoas e empresas, bem-estar – pensando na redução de tempo gasto nas viagens e trajetos –, entre outras questões que surgem no ecossistema. “O nosso ‘know-how’ em concessões e infraestrutura, como um dos maiores atores da América Latina, nos ensinou a pensar o setor metroferroviário como um ‘hub’ de pessoas, eventos, serviços, encontros e oportunidades”.

Ele informou que além de parcerias com produtores culturais para a realização de exposições, shows de música, apresentações de balé e oferta de serviços de orientação profissional e de apoio emocional nas áreas em que atuam, as empresas passaram a oferecer nas 26 estações das Linhas 4-Amarela e da Linha 5-Lilás, ambas do sistema  de metrô  da cidade de São Paulo, os serviços de e-boxes – armários inteligentes que atendem à população que não consegue receber em casa as compras feitas pelo comércio. E disse que esse serviço também está disponível em duas estações do Metrô Bahia, com estudos para disponibilização em mais duas estações neste ano, devido aos bons resultados.

Outra iniciativa relevante sob a ótica de serviços está voltada para ciclistas-entregadores, cujo número também aumentou bastante durante a pandemia de Covid-19. “A ViaMobilidade fez uma parceria para oferecer um ponto de apoio para entregadores em frente à Estação Eucaliptos de metrô, espaço que fica aberto de domingo a domingo, entre 10h e 22h, e oferece área de descanso de entrada, para carregamento de celulares, banheiros completos, água potável, e uma copa equipada com micro-ondas para refeições, além de nichos para apoio de mochilas e suportes para as bicicletas”.

PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS

Na entrevista, considerando a informação de que as Parcerias Público-Privadas (PPP) respondem por 56% das operações do setor ferroviário de passageiros sobre trilhos no Brasil, Márcio Hannas disse que as PPP são fundamentais para a melhoria do ambiente de negócios no País. “E aqui falamos de temas que vão muito além do setor em si, e tocam nas políticas bem-sucedidas de fomento às concessões, fator decisivo para a agenda de desenvolvimento econômico”.

Acrescentou que, objetivamente, as PPP são um caminho decisivo para oferecer melhores serviços, segurança, agilidade e informação para o usuário final, o cidadão, a sociedade.

Disse enxergar como um debate necessário o tema do subsídio do transporte público, na forma de uma contraprestação fixa do poder local, pois os investimentos necessários em obras são muito expressivos e há limitação legal de 35 anos para o período de concessão.

 Assinalou que justamente em função da necessidade de aporte pelo poder público ao longo de toda a concessão, que é de longo prazo, será importante o estabelecimento de garantia pública robusta e de segurança jurídica que proteja o investidor das mudanças de governo”.

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

O dirigente também opinou sobre a importância de debater a mobilidade urbana no cenário das eleições que se avizinham no Brasil.

Ele assinalou: “Mobilidade urbana é pauta prioritária nos grandes fóruns econômicos do mundo, na agenda dos países desenvolvidos e até mesmo na pauta de grandes companhias, que consideram o impacto positivo ou negativo da gestão da mobilidade urbana em seus modelos de negócios. Portanto, devemos olhar com maior atenção para os projetos e políticas públicas que colocam a mobilidade urbana como prioridade para o desenvolvimento das cidades”.

No entender de Márcio Hannas, a mobilidade urbana deve ser de responsabilidade de todas as esferas do poder executivo, seja ele nacional, estadual e municipal. “Apesar de a mobilidade urbana acontecer nos municípios e impactar muito a dinâmica das cidades, eles não têm recursos suficientes para implementar projetos metroferroviários. Tampouco a maioria dos estados hoje tem condições de implementar sozinhos esses modais estruturantes. Nesse caso, há a necessidade da criação de programas de fomento ao transporte público com recursos do governo federal para viabilizar a melhoria da mobilidade nas grandes cidades e regiões metropolitanas do Brasil. Dessa forma, essa pauta deveria estar presente nos debates das eleições deste ano.

O FÓRUM DA MOBILIDADE

No final, Márcio Hannas avaliou o significado do Fórum de Mobilidade ANPTrilhos, assinalando tratar-se de iniciativa “importantíssima para debater um tema necessário e urgente”.

Ele sublinhou que o Brasil ainda precisará percorrer um longo caminho para oferecer mais opções de transporte inteligente para a sociedade. “O evento é fundamental para gerar um debate esclarecedor, mais atento às mudanças regulatórias, tecnológicas e comportamentais da sociedade. Falar de transportes metroferroviários, em essência, é falar de pessoas”.

E acrescentou: “Na CCR utilizamos o conceito de Mobilidade Humana, quando nos referimos aos pilares ESG e à nossa ambição estratégica 2025, que se expressa através de cinco eixos: encantamento dos clientes; engajamento dos colaboradores; ESG, reputação e retorno ao acionista. Em essência, nosso propósito está ancorado na mobilidade humana, que passa pela busca incessante pela satisfação e bem-estar das milhões de pessoas que usufruem dos nossos modais. Especificamente em trilhos, esse número alcança 3 milhões de pessoas, diariamente”.

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