Mobilitas Acervo 2017-2023
Português

O presidente Pedro Moro diz que mesmo com as dificuldades trazidas pela pandemia, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), do Brasil, manteve a operação e não paralisou os investimentos em modernização e expansão

Categoria: Matérias

Publicado em 10 jan 2022

8 minutos

O presidente Pedro Moro diz que mesmo com as dificuldades trazidas pela pandemia, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), do Brasil, manteve a operação e não paralisou os investimentos em modernização e expansão

Pedro Moro

A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) conquistou o Prêmio Maiores do Transporte & Melhores do Transporte na categoria As Maiores em Receita Operacional Líquida — Operadores de Transporte Ferroviário de Passageiros com base nos resultados correspondentes ao ano de 2020.

Criada a partir da reunião das antigas ferrovias que serviam ao Estado de São Paulo, a CPTM, que completará 30 anos em 2022, ostentava, em novembro de 2021, 273 km de trilhos, sete linhas e 96 estações operacionais, atendendo a 23 municípios.

Em breve essa configuração começará a se alterar significativamente, já que em janeiro de 2022, a Linha 8 — Diamante e a Linha 9 — Esmeralda passarão a ser operadas por um consórcio privado. Também em 2022 se iniciará o processo que irá promover a concessão da Linha 7 — Rubi, dentro de um projeto de implantação de um trem regional ligando São Paulo a Campinas.

PANDEMIA SURPREENDENTE — “Nós começamos o ano de 2020 com perspectivas de investimentos, dando continuidade a um trabalho de modernização e de mudança de cultura da empresa iniciado em 2019. Aquele havia sido um ano muito positivo e a nossa expectativa era que seguisse assim em 2020. Nosso orçamento e o planejamento estratégico refletiam isso. Mas, então, como todos, fomos surpreendidos pela pandemia”, afirma Pedro Moro, presidente da CPTM.

Houve queda de 70% na demanda diária de transporte e, ao mesmo tempo, estabeleceu-se um desafio muito grande para os gestores da Companhia, porque era preciso proteger ao máximo os profissionais da empresa.  As equipes da CPTM cumpriam a determinação de garantir a mobilidade de profissionais da saúde, de trabalhadores de outros serviços essenciais e daqueles que continuavam trabalhando em diferentes atividades.

Seguindo as diretrizes do governo estadual, a CPTM optou por afastar os funcionários com mais de 60 anos e todo o pessoal administrativo, independentemente da idade. A operação foi mantida com o contingente que permaneceu em atividade presencial.

Pedro Moro conta que, nessa altura, houve uma ação interna “que foi muito importante e que nos deu uma enorme satisfação”: 200 profissionais das áreas administrativas, que poderiam ficar em casa, se prontificaram a ajudar nas estações. Foi estruturado um revezamento com esse time que estava na linha de frente, e estabeleceu-se um ‘lockdown’ no centro de controle, para reduzir o risco de contaminação naquela área estratégica da Companhia. A operação foi mantida com considerável oferta, o que possibilitou que os passageiros que dependiam do transporte sobre trilhos tivessem garantido um pouco mais de distanciamento nos seus deslocamentos.

“Também houve uma série de outras medidas para auxiliar no enfrentamento da pandemia. O setor metroferroviário foi o primeiro a adotar a obrigação do uso de máscaras no sistema. Estabelecemos diversas ações internas de prevenção. Eu e os integrantes da diretoria acompanhamos de perto a operação, sem que nos ausentássemos nenhum dia. E se é possível dizer que houve algo positivo na pandemia foi justamente esse empenho de todos na Companhia”, disse Pedro Moro.

EVOLUÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA — O presidente da CPTM explica como foram os desdobramentos econômico-financeiros da pandemia. “Tivemos que buscar uma racionalização extrema nos nossos contratos e nos nossos custos. Isso porque, com a demanda caindo 70%, num primeiro momento e permanecendo, na média do ano, em torno de 50% ou 55% do que era registrado antes da pandemia, a receita da Companhia também caiu nessa mesma proporção. Fizemos uma racionalização do uso de espaços nos prédios administrativos no centro da cidade de São Paulo e economizamos bastante com a implantação de home office”.

O governo paulista deu o suporte financeiro necessário à empresa. “Em 2020, o governo estadual injetou mais de R$ 1 bilhão (USD 180,68 milhões) em todo o sistema de transporte — ou seja, nas três empresas que a Secretaria de Transporte Metropolitano, que são a CPTM, a Companhia do Metropolitano de São Paulo e a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU). Dessa forma conseguimos passar por esse momento de extrema turbulência”.

O ANO DE 2021 — Nos últimos meses de 2020, parecia que a pandemia estava arrefecendo e a CPTM percebia isso. “Observando a curva de demanda, pudemos verificar que no final de 2020 passamos a ter uma retomada no número de passageiros transportados, o que refletia uma retomada da economia como um todo. Mas, sobretudo nos meses de março e abril de 2021, a pandemia recrudesceu, com um novo crescimento no número de casos, afetando nossa demanda”, disse Pedro Moro.

O presidente relata que, com a efetivação da vacinação — e o Estado de São Paulo está bastante adiantado nesse processo — observa-se no segundo semestres de 2021 uma retomada efetiva. Em novembro de 2021, a CPTM está transportando cerca de um pouco mais de dois terços do total de passageiros que transportava antes da pandemia, e nota-se uma curva ascendente de retomada da economia e, consequentemente, da demanda no transporte público.

Composição da CPTM. Foto: Rafael Asquini

EXPANSÃO E MODERNIZAÇÃO — Pedro Moro faz questão de ressaltar que a decisão do governo estadual foi manter todos os investimentos no sistema metroferroviário, mesmo com a pandemia. “As nossas obras não foram paralisadas. Houve um momento, logo no início, em que se reduziu o ritmo, por conta da necessidade do isolamento social, mas logo houve a retomada e nossos investimentos não pararam. Neste ano de 2021 não está sendo diferente e há perspectivas para o próximo ano: nosso orçamento reflete a retomada, garantindo investimento significativo por parte do Governo do Estado”.

O presidente diz que os investimentos na CPTM vêm sendo feitos de forma sistemática nos últimos 15 anos, o que permitiu à empresa trocar praticamente toda sua frota. “A CPTM é a empresa operadora de trens metropolitanos com a frota mais nova e mais moderna de todo o mundo. Todos os trens dispõem de ar-condicionado e contam com a mais moderna tecnologia disponível no mercado. E continua também a modernização das estações e dos sistemas, o que é fundamental melhorar a qualidade do nosso serviço e oferecer mais conforto aos nossos passageiros”.

O dirigente lembra que no início de novembro de 2021 foi inaugurada a Estação João Dias, da Linha 9 — Esmeralda da CPTM. “Trata-se da primeira parceria entre um ente privado e o poder público para a construção de uma estação. A estação foi construída pelo privado e doada à CPTM”.

Outro investimento relevante, segundo Pedro Moro, refere-se à extensão da Linha 9 — Esmeralda em direção ao extremo da zona sul da cidade de São Paulo; neste caso, uma nova estação já foi concluída e a construção da outra está em andamento. Também há a modernização de estações das Linhas 10 — Turquesa e 12 — Safira. E, ainda, a ampliação da Linha 13 — Jade em direção ao centro da capital paulista para melhorar a distribuição da demanda para o Aeroporto Internacional de São Paulo, localizado do município de Guarulhos. 

LINHAS EM CONCESSÃO — Em 27 de janeiro de 2022 começará atuar a nova concessionária de mobilidade de São Paulo, que operará a Linhas 8 — Diamante e a Linha 9 — Esmeralda, ambas, atualmente, sob responsabilidade da CPTM. A concessionária fará investimentos para a modernização das duas linhas, incluindo a aquisição de 36 novos trens.

Pedro Moro diz que isso terá reflexos também na CPTM, visto que, ao adquirir novas composições, a concessionária devolverá os trens que utilizará de imediato e que pertencem à CPTM. “Recebendo os trens de volta, poderemos ampliar a oferta de lugares nas outras linhas remanescentes. Assim, vejo essa concessão como um processo ganha-ganha. Ganha população que vai ter novos trens nas linhas concedidas e também a oferta de mais lugares nas linhas que permaneceram com a CPTM, e ganha o Estado, que consegue direcionar investimentos para áreas com maiores necessidades”.

O presidente da CPTM informa haver estudos bastante adiantados, com consulta pública já realizada em agosto de 2021, para a concessão — no formato de uma Parceria Público-Privada (PPP), da Linha 7 — Rubi da CPTM paralelamente com a implantação do trem regional entre São Paulo e Campinas. “O edital deve ser publicado em breve”, explicou o dirigente.

Nas palavras de Pedro Moro, a ligação ferroviária entre duas regiões metropolitanas de São Paulo desafogará as estradas, “que estão bem cheias”, propiciando mais conforto e rapidez nos deslocamentos.

Trens da CPTM na Estação da Luz, em São Paulo

Não encontrou o que procura? Busque no acervo