Pesquisa Origem-Destino digital

Estação Nossa Senhora. de Fátima-Sumaré, Linha 2-Verde do Metrô de São Paulo. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

A Companhia do Metropolitano de São Paulo informa que iniciou na terceira semana de julho de 2021 a segunda fase do teste-piloto da Pesquisa Origem Destino (OD) Digital. Esta fase irá durar 19 dias, com encerramento previsto para 6 de agosto.

A ideia é coletar dados de deslocamentos na Região Metropolitana de São Paulo através de um aplicativo de smartphone.

Diz o comunicado da empresa que essa fase de teste é aberta a todos os públicos e tem como objetivo avaliar a possibilidade de uso de novas tecnologias na elaboração da maior pesquisa de mobilidade do Brasil.

CONSORCIO CITTAMOBI-OFICINA

O trabalho de desenvolvimento e aplicação da tecnologia está sendo realizado pelo Consórcio Cittamobi-Oficina.

O consórcio desenvolveu um aplicativo exclusivo para a Pesquisa OD Digital, que está disponível para a plataforma Android, através da loja de aplicativos Google Play.

PARTICIPAÇÃO

Foram informadas as seguintes condições para participação: instalar o aplicativo Pesquisa OD Digital no smartphone e fazer a inscrição entre os dias 19 e 23 de julho de 2021.

Ao ser aprovado, o participante deve autorizar a coleta dos seus dados de localização durante sete dias consecutivos.

Neste período, o aplicativo informa os locais visitados, além dos horários de saída e chegada de forma fácil e interativa.

Em três dos sete dias de participação, o participante deve editar as viagens pelo aplicativo, informando o motivo e o modo de deslocamento utilizado.

TRÊS ETAPAS

O teste piloto vem sendo desenvolvido em etapas e tem como objetivo alcançar uma amostra de 10 mil pessoas, com dados de locais para onde elas se deslocam, os modos de transporte que utilizam e os motivos dos seus deslocamentos. Na primeira fase, a pesquisa foi aplicada a um público restrito, que já havia participado da Pesquisa Origem-Destino presencial em outros anos.

O objetivo principal não são os resultados estatísticos de mobilidade. A meta é analisar a eficiência desse método de pesquisa e o que pode ser aperfeiçoado para uma possível aplicação nas próximas pesquisas Origem-Destino a serem realizadas pela Companhia do Metropolitano de São Paulo.

O presidente da companhia, Silvani Pereira, informa que, se bem sucedido, o uso da nova tecnologia de pesquisa pode ganhos para o processo, como economia de tempo e de recursos financeiros. “Essa é uma tendência que Paris, por exemplo, já vem testando e nós vamos buscar para achar o modelo ideal para São Paulo”, disse o dirigente.

Segundo Luiz Antônio Cortez, gerente de Planejamento e Meio Ambiente da Companhia do Metropolitano de São Paulo, os resultados desse piloto poderão embasar a decisão de como serão feitas as próximas pesquisas. “Nós esperamos que essa tecnologia facilite e agilize a coleta dos dados, de forma segura, podendo servir de modelo para as próximas pesquisas Origem Destino”.

Na Pesquisa Origem-Destino 2017, na parte referente às viagens internas à Região Metropolitana de São Paulo – justamente a pesquisa domiciliar –, foram visitados 132 mil domicílios, dos quais apenas 32 mil foram efetivamente validados para a aplicação dos questionários. Ao todo, houve 156 mil pessoas entrevistadas em 11 meses de atividades de campo, em três etapas: de agosto a novembro de 2017; de março a junho de 2018; e de agosto a outubro de 2018.

Houve também uma pesquisa para detectar as viagens externas à Região Metropolitana de São Paulo. Esta atividade teve duração de cinco meses: primeiramente, em junho e, depois, de agosto a novembro de 2017, tendo alcançado 21 postos em rodovias de acesso à Região Metropolitana de São Paulo, três terminais rodoviários, dois aeroportos e quatro locais de aglomeração de ônibus fretados.

Consideradas todas as atividades da Pesquisa Origem-Destino da Região Metropolitana de São Paulo 2017, houve a participação de cerca de 2.400 pesquisadores, supervisores e chefes de campo, e foram feitas 156 mil entrevistas. Envolveram-se no trabalho 160 instituições públicas e privadas.

A Pesquisa Origem-Destino de 2017 trouxe informações relevantes sobre a mobilidade na Região Metropolitana de São Paulo

Veja a seguir um resumo das principais constatações da Pesquisa Origem-Destino da Região Metropolitana de São Paulo 2017, publicado originalmente no Anuário do Ônibus e da Mobilidade Urbana –2019, da OTM Editora, do Brasil.

São dados que oferecem um quadro anterior à ocorrência da pandemia; a próxima pesquisa Origem-Destino seguramente revelará as transformações que a crise sanitária está ocasionando na maior área urbana do Brasil, com mais de 21 milhões de habitantes.

3,3 MILHÕES DE VIAGENS A MAIS POR DIA EM DEZ ANOS

O primeiro relatório da pesquisa de 2017 revela que eram realizadas 41,4 milhões de viagens por dia na Região Metropolitana de São Paulo, das quais 28,2 milhões motorizadas (sendo 15,3 milhões por transporte coletivo e 12,9 milhões por veículos particulares) e 13,2 milhões de viagens não motorizadas (com 12,9 milhões de viagens a pé e 0,4 milhão de viagens por bicicletas). Dez anos antes, em 2007, eram realizadas 38,1 milhões de viagens por dia, das quais 15,2 milhões de viagens motorizadas (sendo 13,9 milhões por transporte coletivo e 11,3 milhões por veículos particulares) e 12,9 milhões de viagens não motorizadas (das quais 12,6 milhões a pé e 0,3 milhão de viagens por bicicleta).

VIAGENS POR ÔNIBUS CAEM 5%

Entre outras informações relevantes, a recente Pesquisa Origem-Destino revela que, entre 2007 e 2017, considerando apenas o modo principal de deslocamento, o número de viagens de ônibus caiu 5% (400 mil viagens a menos por dia na Região Metropolitana de São Paulo: de 9 milhões para 8,6 milhões). De alguma maneira, esse resultado corrobora o que dizem as empresas operadoras de transporte por ônibus sobre a persistente queda de demanda no setor.

TRANSPORTE POR FRETAMENTO

Também considerando apenas o modo principal de deslocamento, o transporte de passageiros por fretamento registrou queda de 53% (de 500 mil para 200 mil viagens por dia). Porém, neste caso, os especialistas da pesquisa acreditam que deva ser feita uma investigação mais detalhada, porque houve mudança na forma como este tipo de transporte estava organizado na capital paulista: o estacionamento dos ônibus deixou de ser feito em polos específicos, concentrando-se junto a estações metroviárias, de forma que o modo principal de viagem, em muitos casos, talvez tenha sido considerado o metrô.

GRANDE CRESCIMENTO DO METRÔ E DO TREM

A pesquisa detectou grande crescimento da utilização dos trilhos como modo principal de transporte na Região Metropolitana de São Paulo. Houve aumento de 53% no número de viagens de metrô (de 2,2 milhões para 3,4 milhões de viagens diárias) e de 55% no número de viagens nos trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) – de 800 mil para 1,3 milhão por dia.

Um aspecto em particular ajuda a explicar o expressivo crescimento da utilização dos sistemas sobre trilhos entre 2007 e 2017: justamente a expansão da rede.

 Na pesquisa Origem Destino de 2007, a população dispunha de 61,4 quilômetros de metrô e 251,1 quilômetros de trilhos da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), contando então com 312,5 quilômetros de trilhos urbanos e metropolitanos, com 132 estações, descontado o número daquelas que servem a mais de uma linha (55 estações do Metrô de São Paulo e 77 da CPTM).

Já na Pesquisa Origem-Destino de 2017, com coleta de dados concluída quase no fim de 2018, encontrou uma rede mais encorpada. A população podia utilizar 89,8 quilômetros de metrô e 267,5 quilômetros de trilhos da CPTM, contando, dessa forma, com 357,3 quilômetros de trilhos urbanos e metropolitanos e com 160 estações (75 do Metrô de São Paulo e 85 da CPTM), descontadas as estações de integração. A extensão da rede do Metrô de São Paulo é, atualmente de 101,1 km.

MAIS VIAGENS POR AUTOMÓVEIS E MOTOS

Uma notícia que definitivamente não é boa para a mobilidade na Região Metropolitana de São Paulo diz respeito ao registro do crescimento de 9% na quantidade de viagens de automóveis: de 10,4 milhões para 11,2 milhões de viagens por dia. O número de viagens de motocicletas teve expressivo crescimento de 42% no período (de 700 mil para 1 milhão de viagens por dia).

TRANSPORTE PÚBLICO

Outra constatação importante possibilitada pela Pesquisa Origem-Destino da Região Metropolitana de São Paulo 2017 é de que o transporte público continua majoritário em relação aos veículos particulares nas viagens motorizadas. Contudo, é importante observar que diminuiu a diferença entre as viagens por transporte coletivo e as viagens com transporte individual.

Em 2002, data da primeira pesquisa intermediária, o transporte individual era maioria na Região Metropolitana de São Paulo (52,3% ante 47,7%); quando da realização da pesquisa de 2007, o quadro se inverteu, e o transporte coletivo voltou a ser majoritário (55,3% ante47, 7%), mantendo-se majoritário nos levantamentos posteriores, mas com diferenças sempre menores (em 2012, 54,3% ante 45,7% e, em 2017, 54,2% ante 45,8%).

MAIS VIAGENS DE BICICLETA

No campo da mobilidade ativa, também considerando apenas o modo principal de deslocamento, observou-se crescimento de 32% no número de viagens de bicicleta (de 300 mil para 400 mil por dia).

DESLOCAMENTO A PÉ

Quanto ao deslocamento a pé, o crescimento foi de 1%, de 12,6 milhões para 12,8 milhões; neste caso, é preciso observar que o crescimento foi bem inferior à taxa de crescimento populacional da Região Metropolitana de São Paulo (de 7%, de 19,5 milhões de habitantes para 20,8 milhões de habitantes).

TÁXIS E TRANSPORTE POR APLICATIVO

Houve ainda o crescimento do uso de táxi, de 90,7 mil para 112,9 mil viagens por dia entre 2007 e 2017, e a confirmação da implantação e expansão do transporte por aplicativo, inexistente em 2007 (ano em que apareceram os smartphones): foram registradas 362,4 mil viagens de transporte por aplicativo por dia em 2017.

VIAGENS EXTERNAS À REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

A Pesquisa Origem-Destino da Região Metropolitana de São Paulo 2017detectou que 53,7 mil veículos de passageiros cruzam a Região Metropolitana de São Paulo todos os dias; esses veículos têm origem e destino fora da área metropolitana, significando que a infraestrutura da área é utilizada apenas como rota de passagem.

A Região Metropolitana de São Paulo atrai 486,7 mil viagens de passageiros por dia, das quais 349,3 mil originárias de diferentes pontos da Macrometrópole Paulista (regiões metropolitanas e aglomerados urbanos em torno da Região Metropolitana de São Paulo), 40,8 mil de outras regiões do Estado de São Paulo e 42,8 mil de outros estados.

A Região Metropolitana de São Paulo registra 64,5 mil viagens de carga por dia. Desse total, 43,4 são viagens destinadas à Região Metropolitana de São Paulo. Dessas viagens, 29 mil são originárias de diferentes pontos da Macrometrópole Paulista, 4,5 mil de outras regiões do Estado de São Paulo e 9,8 mil de outros estados.  Outros 21,1 mil veículos apenas cruzam a Região Metropolitana de São Paulo diariamente – esses veículos têm origem e destino fora da área metropolitana.

ACESSE O RELATÓRIO FINAL

O relatório final da Pesquisa Origem-Destino da Região Metropolitana de São Paulo 2017 bem como  o banco de dados completo estão disponíveis no site da Companhia do Metropolitano de São Paulo. Para acessar, clique aqui.

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