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Chile e Colômbia ajudaram indústria de equipamentos de transporte do Brasil em 2020, segundo avaliações apresentadas no encontro anual do sindicato brasileiro do setor

Categoria: Informação

Publicado em 22 dez 2020

5 minutos

Chile e Colômbia ajudaram indústria de equipamentos de transporte do Brasil em 2020, segundo avaliações apresentadas no encontro anual do sindicato brasileiro do setor

Encomendas do Chile e da Colômbia fizeram alguma diferença no desempenho da indústria brasileira de equipamentos de transporte em 2020, segundo disseram líderes setoriais no tradicional encontro de final de ano do Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (SIMEFRE), que reúne fabricantes de ônibus, trens e outros tipos de veículos sobre trilhos, implementos agrícolas, motocicletas e bicicletas. O encontro foi realizado em dezembro em formato virtual.

A produção brasileira de ônibus terá retração de aproximadamente 25% em 2020 na comparação com os resultados de 2019. A projeção foi apresentada no encontro por Ruben Bisi, diretor do SIMEFRE e presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus (FABUS).

Ele vê perspectivas de melhora para 2021, com crescimento de 13%, embora sublinhe que esse percentual será sobre uma base bastante baixa.  “No ano passado, até novembro, tivemos 20.603 unidades e este ano, 15.105. Estamos prevendo um mês de dezembro com produção baixa em função da falta de materiais, então estamos estimando um total de 16.500 unidades em 2020, uma retração de 25%.”

Quanto ao mercado brasileiro, Ruben Bisi disse que os fabricantes de ônibus vinham em janeiro e fevereiro de 2020 numa toada que permitia prever crescimento de 10% a 15%, mas, em março chegou a pandemia e no mês seguinte a produção do setor caiu praticamente pela metade. “Demos uma recuperada na produção e devemos fechar o ano com 13.692 unidades no mercado interno”, disse.

No mercado externo, houve certa recuperação no final do ano, com pedidos do Chile, Colômbia e países da África. O dirigente avalia que fecharia o ano com 3022 unidades, o que significa 29,5% a menos do que foi 2019. “O dólar nos ajuda, mas o problema é que a pandemia é mundial e os mercados todos estão fechados. Argentina, Peru e Bolívia estiveram com os mercados fechados e o Chile começou a reabrir agora, recentemente”.

O importante na fala de Ruben Bisi é que o setor prevê crescimento para 2021, embora sobre uma base baixa. “Acreditamos que a produção de urbanos deverá ter uma recuperação. Os intermunicipais também. E, assim, nós deveremos ter um crescimento no mercado interno em 2021 na ordem de 10,26%, atingindo produção de pouco mais de 15 mil unidades. Prevemos a recuperação do mercado externo na faixa de 15,28%, com 3484 unidades”

O dirigente assinala que a previsão do mercado total para 2021 é sair de 16.414 unidades entre mercado interno e externo e ir para 18.572 unidades, ou seja, um crescimento total de 13% em relação a um ano que foi muito baixo, com 16.414 unidades

INDÚSTRIA FERROVIÁRIA

A indústria ferroviária continuou em 2020 com “dramática” ociosidade já observada em 2019 e que em 2020 está no patamar de 90%. A indústria de vagões de carga melhorou seu desempenho, com entregas de 1.800 unidades em 2020, contra uma previsão de 2.000 vagões. “Com isso, recuperou-se em relação a 2019, quando foram entregues apenas 1.006 vagões” , disse Vicente Abate, diretor do SIMEFRE e presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (ABIFER), explicando que não houve exportações nesse segmento.

O dirigente informou que as entregas de locomotivas tiveram um desempenho menor e fecharão 2020 com apenas 29 unidades, contra uma previsão de 40 locomotivas, e ainda menor que em 2019, quando foram entregues 34 unidades. Neste caso, também não houve exportações.

Vice-presidente do SIMEFRE e membro do Conselho da ABIFER, Massimo Giavina informou que na área de passageiros, a indústria chegaria ao sétimo ano sem encomendas no mercado interno, não fosse a retomada da construção da Linha 6 – Laranja, que integra o sistema metroferroviário paulistano. O novo consórcio, liderado pela empresa espanhola Acciona, confirmou a aquisição de trens da indústria brasileira.

O dirigente disse haver ainda a expectativa de que a concessão conjunta da Linha 8 – Diamante e da Linha 9 – Esmeralda da CPTM, prevista para março de 2021, com aquisição de 34 trens, e a licitação de 44 trens para a Linha 2 – Verde do Metrô de São Paulo.

Em 2020, foram entregues apenas 72 carros de passageiro para o Metrô de Santiago, contra uma previsão de 131 unidades. Para 2021, o volume será ainda menor, com 43 carros, sendo 40 para exportação. O mercado se recuperará a partir de 2022, com as exportações já fechadas para os Metrôs de Taipei e de Bucareste e das entregas dos carros para a Linha 6 – Laranja, da Acciona. Outras oportunidades esperadas são o ‘People Mover’, que ligará a Linha 13 – Jade da CPTM aos três terminais do Aeroporto de Guarulhos, o Trem InterCidades (TIC), entre São Paulo a Campinas, além do sistema de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) da W3 em Brasília.

IMPLEMENTOS RODOVIÁRIOS

Alcides Braga, vice-presidente do SIMEFRE, disse que o setor de implementos rodoviários esperava terminar 2020 com perda zero. Ele destacou que a pandemia atrasou a retomada dos negócios no setor produtor após a crise 2014-2018, mas ao longo do ano a situação foi mudando.

O mercado espera chegar a 120 mil produtos. De janeiro a novembro os emplacamentos totalizaram 109 mil unidades. Em 11 meses, o segmento de reboques e semirreboques entregou ao mercado 60 mil produtos, registrando aumento de 2,64%. Já o de carroceria sobre chassis comercializou 49 mil unidades, o que representa retração de 6,7%.

Braga comentou que as exportações foram bastante afetadas. Segundo ele, os importadores foram afetados e que foi paralisado o programa de incentivo à exportação da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), que atua para promover os produtos e serviços brasileiros no exterior e atrair investimentos estrangeiros para setores estratégicos da economia brasileira.

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