Mobilitas Acervo 2017-2023
Português

Para o presidente da Associação Mexicana de Transporte e Mobilidade (AMTM), Nicolás Rosales, as prioridades do transporte público para depois da pandemia são sobreviver à crise financeira, adaptar-se à nova normalidade e buscar novos modelos de negócios, gestão de demanda e financiamento

Categoria: Matérias

Publicado em 2 out 2020

6 minutos

Para o presidente da Associação Mexicana de Transporte e Mobilidade (AMTM), Nicolás Rosales, as prioridades do transporte público para depois da pandemia são sobreviver à crise financeira, adaptar-se à nova normalidade e buscar novos modelos de negócios, gestão de demanda e financiamento

POR ALEXANDRE ASQUINI

Nicolás Rosales

“Consideramos que o transporte público tem as seguintes prioridades: subsistir à crise financeira, adaptar-se à nova normalidade e novos modos de mobilidade e transitar a novos modelos de negócio, de gestão da semana e de financiamento. As palavras são do recém-empossado presidente da Associação Mexicana de Transporte e Mobilidade (AMTM), Nicolás Rosales, ao avaliar como estará o setor após a pandemia da Covid-19. Nesta entrevista, ele fala também de seu ingresso e participação no setor e de aspectos da história da AMTM e também comenta as ações da entidade durante a crise sanitária.

Nicolás Rosales participará de uma das sessões da Semana UITP América Latina 2020 que acontecerá na próxima semana, nos dias 7 e 8 de outubro, promovida em forma virtual e gratuita pela União Internacional de Transporte Público (UITP). Para outras informações e inscrições, acesse o link ao final desta entrevista.

MOBILITAS – O senhor acaba de assumir a presidência da Associação Mexicana de Transporte e Mobilidade (AMTM). Fale sobre sua formação e carreira profissional e seu envolvimento com o setor de transporte público urbano e AMTM.

NICOLÁS ROSALES – Em 1983, minha família investiu nas duas primeiras unidades de transporte público concessionadas. Naquela época eu estava iniciando meus estudos universitários e, a partir daí, tive que viver e fazer parte da transformação do transporte público na Cidade do México, sob o modelo conhecido como homem-caminhão, participando de todas as atividades que relacionadas com o transporte, desde o manuseio, manutenção e administração das 10 unidades que tínhamos, até 2005, ano em que foi implantada a Linha 1 do BRT na Cidade do México, da qual participamos como parceiros.

Em 2010, ingressei na AMTM a convite do Licenciado Jesús Padilla, presidente da Associação, com o objetivo de fortalecer a área de articulação institucional; principalmente com autoridades, ONGs nacionais e internacionais, a fim de formar alianças estratégicas de colaboração.

MOBILITAS – Sobre a AMTM: quando foi fundada, com quais objetivos, quem são seus membros, modo de atuação, principais realizações e outros aspectos relevantes.

NICOLÁS ROSALES – A AMTM foi criada em 2008, com o objetivo de gerar esquemas de colaboração entre os diferentes atores do transporte e da mobilidade, autoridades, transportadores, academia, consultores, ONGs nacionais e internacionais e a indústria para articular canais de comunicação que permitam a modernização e a implantação de melhores sistemas de transporte.

Uma das nossas principais atividades é o Congresso Internacional de Transporte que acontece anualmente, um espaço que permite divulgar boas práticas e onde são abordados temas de interesse do setor, com especialistas nacionais e internacionais, autoridades e academia. Esse evento reúne cinco mil visitantes e também conta com uma exposição e feira, da qual participam montadoras e fornecedores de bens e serviços para o setor de transportes.

A AMTM tem participado com diferentes instâncias na implantação de programas de meio ambiente, eficiência energética, segurança viária e planejamento de sistemas de transporte.

Entre as principais conquistas da Associação está a participação na modernização das unidades de transporte público e na conversão do modelo homem-caminhão em transportadoras. Até o momento, foram constituídas 22 empresas de transporte e quase quatro mil e quinhentas unidades obsoletas foram substituídas por mil e oitocentos ônibus de maior capacidade e menos poluentes, e houve a implantação de tecnologias como GPS e de sistemas de comunicação.

MOBILITAS – O senhor foi nomeado presidente em meio à pandemia da Covid-19 – uma crise que afeta gravemente os sistemas de transporte público em todo o mundo. Como o senhor avalia a situação no México? Quais são os principais problemas identificados e o que foi feito para resolvê-los? Como tem sido a ação da AMTM?

NICOLÁS ROSALES – Em questão de semanas, a pandemia de Covid-19 se tornou a maior crise econômica para serviços de transporte público em décadas.

Os sistemas de transporte no México e em todo o mundo enfrentam grandes desafios. Um desses desafios é a recuperação da demanda: como no resto do mundo, os sistemas de transporte tiveram queda de demanda entre 75 a 80%, e estes vivem principalmente da tarifa, já que não se conta com qualquer tipo de subsídio. Consideramos que a recuperação do setor exigirá de um ano e meio a dois anos.

O problema mais grave que os operadores de transporte público enfrentam, seja no modelo homem-caminhão ou empresa, derivado da baixa percepção dos recursos, é a viabilidade de dar continuidade à operação dos próprios sistemas e cumprir seus compromissos financeiros, como os pagamentos referentes à frota, operação, manutenção, folha de salarial etc.

Um terceiro ponto é transmitir ao usuário a garantia de que o transporte público está adotando todas as medidas necessárias para reduzir o risco de contágio, como higienização e limpeza das unidades, uso de máscaras faciais, etc. A AMTM desenvolve campanhas de prevenção do contágio no transporte público.

MOBILITAS – O que será depois da pandemia? O que foi discutido no México a esse respeito? O que AMTM diz?

NICOLÁS ROSALES – Acreditamos que o transporte público tem as seguintes prioridades: sobreviver à crise financeira, adaptar-se aos novos modos de mobilidade normais e novos, e evoluir e transitar para novos modelos de negócio, gestão da demanda e financiamento.

MOBILITAS – Além da pandemia e sua superação, que outras questões são importantes para a AMTM hoje e como seu governo está se preparando para lidar com elas?

NICOLÁS ROSALES – É evidente que a AMTM não é a mesma da sua criação em 2008. Estamos numa fase de reorientação de objetivos e metas de forma a consolidar a AMTM como referência nacional para o desenvolvimento sustentável do transporte público urbano. Continuaremos a promover boas práticas e o intercâmbio de informações.

A pandemia revelou o atraso que o transporte público tem em questões de desenvolvimento tecnológico como a implantação de sistemas pré-pagos, o uso de big data para a modelagem e gestão da demanda e será uma das questões que iremos promover dentro do setor. Da mesma forma, questões relacionadas com novos negócios, modelos de financiamento e tarifários que permitam garantir a sustentabilidade dos sistemas de transporte. Para marcar presença no setor e a partir desta nova norma, programamos webinars onde são abordados diversos temas de interesse.

Clique aqui para informações e inscrições para a Semana UITP América Latina 2020

Cartaz da AMTM com recomendações a respeito da Covid-19

Não encontrou o que procura? Busque no acervo