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Tecnologia no combate ao roubo de cargas

Categoria: Matérias

Publicado em 29 out 2018

4 minutos

Tecnologia no combate ao roubo de cargas

MÁRCIA PINNA RASPANTI

No Chile, 95% do transporte de cargas é realizado por rodovias, sendo que a capital do país, Santiago, está em uma posição estratégica, representando uma importante ponte para o escoamento da produção da América do Sul, que precisa chegar até o Oceano Pacífico e seguir para o mercado asiático. Isso faz com que o país enfrente alguns dos maiores problemas que também são comuns no Brasil e outros países latino-americanos: o roubo de cargas e os acidentes nas estradas.

A Buonny Projetos e Serviços de Riscos Securitários, que tem experiência de mais de 20 anos em gerenciamento de riscos na área de transportes e logística no Brasil, acaba de inaugurar a filial no Chile. “Proporcionalmente, os níveis de roubos de carga naquele país são semelhantes aos registrados no Brasil: até 2017, foram mais de USD 147 milhões em ocorrências desse tipo”, informa Rene Ellis, responsável pela filial chilena. “Há um grande fluxo de cargas partindo do sudeste brasileiro com destino aos países asiáticos pela rota do Pacífico. Existe ainda uma crescente demanda por soluções, devido ao aumento de roubo de cargas neste extenso território”, completa.

Cyro Buonavoglia, presidente do Grupo Buonny, explica que o percurso de uma carga que sai do Brasil até o porto do Chile leva, em média, cinco dias de viagem. Em um mês, são realizados mais de 30 mil embarques vindos do sudeste do Brasil; já pelas fronteiras, são mais de 800 mil embarques por ano e, considerando as viagens nacionais, ultrapassam 1,2 milhão mensais. Segundo levantamento da Associação Nacional do Transporte de Cargas & Logística (NTC), o roubo de carga teve alta de 42% no Brasil nos últimos quatro anos. Em 2017, roubo de carga teve um impacto R$ 1,5 bilhão.

René Ellis, que conta com longa experiência no mercado de transportes no país, conhece bem o contexto latino-americano. “O cenário de roubo de cargas mudou muito no Chile, desde 2015, com o aumento desse tipo de sinistro. Por isso, precisávamos de toda a expertise da Buonny para possibilitar a eficiência da gestão logística das cargas que saem do Brasil para o Chile, além das que precisam ser distribuídas no território brasileiro”, diz.

No Chile, entre as cargas mais visadas pelas quadrilhas especializadas estão alimentos, grãos, pescados, frutas e sementes, vinhos, pecuária, eletrônicos, cobre bruto, cigarros e combustíveis. “Dependendo da região, há produtos que têm maior demanda e facilidade de distribuição. Mas, na maioria dos casos, como acontece no Brasil, são roubos por encomenda e as mercadorias têm destino certo e há recursos utilizados para retroalimentar as quadrilhas especializadas e o tráfico”, conta Elis.

Em relação aos prejuízos para os transportadores causados por acidentes, a maior parte das ocorrências é provocada por veículos leves atingindo ou envolvendo veículos pesados. “A frota de caminhões daquele país é um pouco mais nova se comparada com o Brasil, porém  deve se considerar o tamanho do país e a legislação de trânsito, um pouco mais dura, principalmente para o uso de álcool”, informa Elis.

As empresas chilenas começam a recorrer à tecnologia para reduzir os prejuízos com roubos e acidentes. “As tecnologias utilizadas ainda são incipientes ou inadequadas devido ao uso de jammer e de sistemas para reduzir roubo de cargas serem relativamente novo no Chile. Há uma grande oferta predatória de localizadores, entretanto, na mineração a tecnologia para monitoramento de telemetria é bastante utilizada devido à cultura da segurança, ao alto custo dos equipamentos pesados e ou fora de estrada”, diz Elis.

Além de Brasil, Chile e Argentina toda a rota do pacifico tem sofrido com os roubos de carga, incluindo países como Peru, Colômbia, Venezuela e México. “Outro fator que deve ser considerado é a corrupção que age como facilitadora desse tipo de ocorrência”, lembra Elis.

 

 

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