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Mais de cem quilômetros

Categoria: Matérias

Publicado em 1 out 2018

8 minutos

Mais de cem quilômetros

Sistema de metrô da cidade de São Paulo deve terminar 2018 com mais de cem quilômetros. Em 2010, a rede de metrô  era de 68,9 quilômetros, alcançando 77,4 quilômetros em 2015, e chegando a agosto de 2018 com 80,4 quilômetros. A cidade conta ainda com 140 quilômetros do sistema de trens metropolitanos.

Clodoaldo Pelissioni

Há 44 anos em operação – as atividades foram iniciadas em 14 de setembro de 1974 –, o sistema de metrô que atende à cidade de São Paulo deverá terminar 2018 com mais de cem quilômetros de linhas, segundo assegurou o secretário de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, Clodoaldo Pelissioni, na conferência de encerramento da 24ª Semana de Tecnologia Metroferroviária, promovida no final de agosto pela Associação de Engenheiros e Arquitetos de Metrô (AEAMESP), considerado o mais expressivo evento técnico do setor metroviário no Brasil.

Pelissioni fez um rápido balanço dos investimentos nesta década e deixou como elemento de reflexão um conjunto de cinco questões a serem enfrentadas na área de mobilidade urbana pelos futuro governos.

O secretário afirmou inicialmente que em São Paulo, em 2010, a rede de metrô  era de 68,9 quilômetros, alcançando 77,4 quilômetros em 2015, e chegando a agosto de 2018 com 80,4 quilômetros. “Até o final de 2018, chegaremos a 102 quilômetros, com as inaugurações das estações da Linha 5 – Lilás (no início de outubro, faltava apenas uma estação a ser inaugurada), da Linha 15 – Prata e da Linha 4 – Amarela. E há um planejamento da Linha 6- Laranja  e Linha 17- Ouro, para que possa chegar a 129 quilômetros até 2022”.

Quanto às estações do sistema metroviário, disse que, em 2010, eram 60; em 2015, 68, e em 2017, 71. “Em agosto de 2018, são 79 estações e vamos chegar a 89 até o final de 2018. Temos a previsão de mais dez estações: cinco na Linha 5 – Lilás, quatro no monotrilho da Linha 15 – Prata  e mais uma na Linha 4- Amarela. E há a previsão de mais 25 estações  para o próximo quadriênio”.

Sobre a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), disse que foram adicionados 12 quilômetros à malha com a Linha 13 – Jade, que faz a conexão com o aeroporto internacional de Guarulhos (Cumbica), o que agregou mais duas estações ao sistema. Herdeira de antigas linhas implantadas entre os anos 1860 e 1930, a CPTM, criada em 1992, possui uma rede de 267 quilômetros, que atende a 22 municípios da Região Metropolitana de São Paulo; cerca de 140 quilômetros quilômetros estão dentro da cidade de São Paulo. Trata-se de uma malha que vem sendo tecnologicamente modernizada e está integrada física e tarifariamente à rede de metrô.

A respeito da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), mostrou que, atualmente, estão em operação 11,4 quilômetros do sistema de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) da Baixada Santista e que, com a segunda etapa em licitação, haverá ampliação considerável do serviço: “Temos 15 estações e passaremos a 29 estações”. Ele também comentou que em 2010 havia 64 quilômetros de corredores de ônibus e ao final de 2018 serão 95 quilômetros desse tipo de transporte.

Com relação aos trens, informou que nos sistemas sobre trilhos metropolitanos de São Paulo haverá ao final de 2018 um total de 191 trens novos ou modernizados. “Se tirarmos os 36 trens modernizados, nós vamos ter 155 novos trens, contemplando a Linha 4 – Amarela, a Linha 5 – Lilás, a Linha 15 – Prata em monotrilho e o sistema de VLT na Baixada Santista, além de 65 novos trens na CPTM. São composições com seis, sete ou oito carros, totalizando 1023 novos carros no sistema. A modernização no Metrô, que nós concluiremos até o final de 2018, envolveu 98 trens”.

O secretário também apresentou números referentes às estações já condizentes com as normas de acessibilidade universal. “No Metrô-SP, todas as estações são acessíveis. Na CPTM, chegaremos ao final do ano com 71 e deixaremos projetos e obras para que todas as estações possam ser acessíveis até o final de 2022”.

Quanto ao total de passageiros transportados nos sistemas, afirmou que, em 2017, eram contabilizados 7,1 milhões na média diárias. “Estamos chegando a 7,5 milhões agora, e alcançando 7,7 milhões em dias de grande movimento. Pretendemos chegar até o final de 2018 a mais de 8,5 milhões passageiros transportados diariamente. Na EMTU, temos 2,2 milhões transportados todos os dias nos ônibus.”.

O secretário mostrou também números referentes aos investimentos. Em 2015, foram investidos R$ 4,8 bilhões (USD 1,185 bilhão); em 2016, R$ 4,29 bilhões (USD 1,059 bilhão); em 2017, R$ 4,24 bilhões (USD 1,046 bilhão) e mais R$ 4,18 bilhões (USD 1,032 bilhão) em 2018. “Chegaremos ao final deste ano com R$17,6 bilhões (USD 4,345 bilhões) de investimentos no presente quadriênio”.

CRONOGRAMA

Ao responder a perguntas da plateia, Clodoaldo Pelissioni atualizou o cronograma de inaugurações. Quanto à Linha 5 – Lilás, disse que haveria a entrega de mais uma estação ainda em agosto de 2018 e que outras quatros seriam inauguradas até dezembro de 2018.

A inauguração da estação São Paulo-Morumbi, da Linha 4- Amarela, será em outubro. Quanto à Linha 15 – Prata, em monotrilhos, estava prevista a inauguração de uma estação entre setembro e outubro e, até o final do ano, a entrega de outras três.

Sobre a Linha 6 – Laranja, afirmou acreditar que a Justiça deverá autorizar a rescisão do contrato com o consórcio vencedor que, posteriormente, mostrou-se incapaz de continuar as obras. Ele espera retomar o processo de licitação dessa linha ainda em 2018.

Segundo ainda Pelissioni, ainda em setembro de 2018, deverá ser publicado o edital para a contratação de portas-plataforma para 36 estações das da Linha 1-Azul, Linha 2-Verde e Linha 3-Vermelha. A execução do serviço está previsto para 2019.

Em relação ao Trem Intercidades, para interligação de São Paulo, Jundiaí, Campinas e Americana – região paulista altamente industrializada – Pelissioni afirmou que o projeto avançou, porém esbarra na questão da falta de recursos. “É um projeto de R$ 5,4 bilhões (USD 1,333 bilhão), dos quais a iniciativa privada deverá bancar dois terços e o restante viria de aportes do estado”, afirmou. O estudo de pré-viabilidade já foi produzido e está sendo analisado pelo governo de São Paulo. O objetivo do estudo, que está sendo “refinado”, segundo o governo, é compilar informações sobre a rota inicial do trem, que percorrerá 135 quilômetros.

QUESTÕES A SEREM ENFRENTADAS

Sobre o futuro imediato, Clodoaldo Pelissioni afirmou. “Temos no Brasil, 27 regiões com mais de um milhão de habitantes no Brasil, consideradas regiões metropolitanas. Só aqui no Estado de São Paulo, são sete. Metade da população brasileira está morando nessas regiões metropolitanas. Então, nosso desafio é: garantir que haja recursos para investir em mobilidade nessas regiões e realizar os empreendimentos com eficiência, ou seja, começar de maneira certa e terminar de maneira certa”. Para tanto, ele apresentou um conjunto de cinco “enfrentamentos” a serem necessariamente empreendidos pelos futuro governos.

O primeiro enfrentamento é o do ajuste fiscal, para que possa haver recursos públicos para investimentos, o que atualmente não acontece. Ele lembrou que enquanto economias como da China e da Coreia do Sul investem mais de 10% do PIB ao ano, no Brasil, segundo informou o jornal O Estado de S. Paulo, o investimento em 2019 será de 0,3% do PIB.

O segundo ponto a ser enfrentado diz respeito à busca do aprimoramento das regras e leis de licitação e das análise do tribunal de contas, de modo que, sem perder a eficiência do controle, confiram agilidade aos processos.

Melhoria de qualidade de projetos para que sejam feitas adequadamente as concessões e as parcerias público-privadas (PPP) foi o terceiro enfrentamento indicado pelo secretário. “Precisamos ter projetos funcionais realistas e principalmente com fluxos de demanda minuciosos”.

O secretário apontou como o quarto aspecto a necessidade de simplificação e desburocratização dos financiamentos, de modo que possam ser tomados em tempo razoável.

O quinto ponto é a necessidade de trazer para dentro do empreendimento a valorização imobiliária; a ideia é estabelecer mecanismos para que a implantação de sistemas públicos na área de mobilidade urbana possam ser financiados por empreendimentos imobiliários ou pela captura da valorização que naturalmente causam aos imóveis do entorno.

Metrô de São Paulo. Foto: Alexandre Carvalho A2 IMG

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