Categoria: Matérias
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Publicado em 6 abr 2020
5 minutos
O COVID-19 e a crise econômica resultante impactarão toda a humanidade. O ataque do vírus é global e como em toda guerra, vidas estão em jogo.
Apesar de assustador, somos mais capazes que o COVID-19!
Ao contrário do inimigo que não troca informações entre si para aprimorar o ataque, as redes de transporte trocam conhecimento, e aprimoram suas estratégias de ações rapidamente para enfrentar a situação.
A América Latina, por ser uma das últimas regiões do planeta a ser atingida, tem o privilégio de poder apreender muito com aqueles que vem enfrentando a pandemia desde o início de 2020, como a Ásia ou Europa.
É possível ganhar a guerra, mas precisaremos agir em bloco: cidades, países e continentes. A grande arma do COVID-19 é a sua alta taxa de expansão. Infesta-nos numa razão geométrica podendo colocar em colapso todo um sistema de saúde em poucas semanas. É fundamental abaixar esta velocidade de expansão para que possamos atender os mais vulneráveis ao ataque deste vírus. Sem um remédio que o elimine e sem uma vacina que o bloqueie só nos resta dificultar que circule e que contamine outra pessoa.
Com a informação de que somos nós os que os transportamos, surge a ideia: paremos tudo e todos. Como se isto fosse simples assim.
A realidade é bastante mais complexa. Para que milhões possam ficar em suas casas, milhões deverão continuar produzindo, armazenando, embalando, transportando, comercializando e distribuindo tudo o que precisamos para ficar em quarentena.
Para que milhares possam ser socorridos na rede de saúde, outros milhares deverão garantir que esta rede funcione: médicos, enfermeiros, cozinheiros, motoristas, faxineiros, mecânicos, eletricistas, técnicos em computação, funcionários administrativos, atendentes e dezenas de outras funções que compõem uma rede desta complexidade.
E como ficam os transportes públicos?
Para responder a esta questão devemos em primeiro lugar lembrar que somos uma atividade MEIO. Sim, mobilidade é ESSENCIAL, porém não deixa de ser atividade meio.
Transportamos pessoas que viajam por motivos objetivos: trabalho, estudo, saúde, compras e lazer, as quais são os principais. Por óbvio, se há necessidade de suprir estes deslocamentos, como mostramos, fica evidente que parcela do transporte público deve permanecer operando.
Operando em que condições?
Aqui vale a palavra das nossas autoridades da saúde, bem como a experiência de outros países onde o ataque viral começou antes: China, Coreia, Japão, Itália para ficarmos nos exemplos mais conhecidos.
O FUNDAMENTAL é proteger todos os envolvidos: passageiros e operadores (motoristas, cobradores, fiscais, agentes de controle, pessoal de garagem e terminais).
A UITP está disponibilizando diariamente boletins atualizados sobre as experiências operacionais em diversas regiões do planeta (Management of virus outbreaks in public transport: case studies and practices against COVID-19 and additional references (veja aqui) .
É fundamental que se faça o essencial em cada cidade, respeitando as condições de cada uma delas. Em suma, é preciso ouvir e se informar. É preciso praticar a humildade e o respeito aos nossos colegas do setor da saúde, que estão na linha de frente desta guerra. A partir de decisões de governo, devemos redimensionar nossa oferta. Se uma universidade fecha, não há que manter a linha de ônibus que exclusivamente a servia. Se um hospital está operando devemos discutir a melhor forma de continuar levando o transporte público até ele.
E o que vem pela frente?
Teremos mais 6 ou 8 semanas de guerra crucial contra o vírus. O final dela não significa o fim dos problemas. O pós-guerra será duríssimo. A crise econômica se propagará por meses e desde já devemos nos preparar para esta fase. Devendo avaliar as urgentes necessidades de socorro financeiro ao setor, a fim de evitar o colapso do transporte público.
As receitas sofrerão quedas desproporcionais às despesas ocorridas durante os dias críticos do COVID-19. Os salários e os demais encargos trabalhistas, os custos operacionais e de manutenção, e todos os custos fixos terão que ser cobertos por uma receita que não existiu. Entraremos, portanto, numa fase de negociações com os diversos governos, que certamente sofrerão pressões de inúmeros outros setores.
Com dados consolidados, será o momento de mostrar que não se retoma a vitalidade da economia sem um instrumento de circulação eficiente das pessoas. O colapso do transporte público inviabiliza qualquer tentativa de retomada da economia.
Anexo dados de perdas de passageiros na América Latina. Fonte: Moovit – Impact of Coronavirus (COVID-19) on Public Transit usage.
ANEXO
Dados de perdas de passageiros na América Latina.
Fonte: Moovit – Impact of Coronavirus (COVID-19) on Public Transit usage
Na tabela a seguir é possível verificar a perda de passageiro nos sistemas de transporte público em algumas cidades da América Latina. O comparativo de perda de passageiro tem como referência a data 15 de janeiro e 23 de março. Considerando que a data inicial é de 15 de janeiro, a perda de passageiros pode ser ainda maior visto em janeiro é um mês de férias de verão na região.
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