Mobilitas Acervo 2017-2023
Português

Francisco Caldas, presidente da Metrobus, de Goiânia, Brasil, explica os testes para adoção de veículos elétricos articulados e biarticulados no sistema BRT operado por sua empresa.

Categoria: Matérias

Publicado em 11 fev 2022

4 minutos

Francisco Caldas, presidente da Metrobus, de Goiânia, Brasil, explica os testes para adoção de veículos elétricos articulados e biarticulados no sistema BRT operado por sua empresa.

Francisco Caldas

POR MÁRCIA PINNA

O governo do estado de Goiás, na porção central do Brasil, começou a testar um ônibus elétrico que circulará experimentalmente por 30 dias na Região Metropolitana da capital do estado, Goiânia. Francisco Caldas, presidente da Metrobus, empresa que administra o principal corredor de transporte público desta região metropolitana, dá mais detalhes sobre a iniciativa. (Esta entrevista foi originalmente publicada na revista Technibus).

Technibus – O período de testes do modelo elétrico – chassi BYD e carroceria Marcopolo – será de 30 dias. Os testes já começaram? Como serão feitos estes testes?

Francisco Caldas – Recebemos o veículo elétrico em Goiânia no dia 17 de janeiro e durante sete dias fizemos treinamentos internos com os nossos motoristas, por se tratar de algo novo. Em seguida, montamos um cronograma de viagens para o ônibus rodar nas extensões do Eixo Anhanguera (corredor de transporte coletivo exclusivo, na modalidade BRT, com 14 quilômetros de extensão). Na primeira semana, rodamos em Trindade, com passageiros e sem passageiros, fazendo as devidas comparações. Nesse período, é muito importante testar as diferenças de aceleração, frenagem, manobra, condução e parqueamento do veículo.  

Technibus – Quais são os principais pontos a serem verificados neste período?

Francisco Caldas – Três pontos são fundamentais neste primeiro momento de testes com o veículo elétrico nas extensões de Trindade, Senador Canedo e Goianira. A primeira etapa é de familiarização com a tecnologia do ônibus, depois adequação das nossas estações e plataformas, e peculiaridades do trajeto, como, por exemplo, com rampa e sem rampa. O ônibus roda com um carro de segurança na frente dadas as condições silenciosas desse modelo. Esse cuidado é para aumentar a segurança e minimizar os riscos de acidentes.

Technibus – Como será feita a recarga do veículo?

Francisco Caldas – Estamos rodando na parte da manhã até o início da tarde e a recarga é feita após cumprir praticamente o ciclo de autonomia do veículo, hoje, estimado e testado em aproximadamente 250 quilômetros. Após 90% de uso da bateria, o ônibus retorna sem passageiros para a garagem da Metrobus para a recarga, que demora de cinco a seis horas.   

Technibus – A proposta é que a Metrobus passe a atuar apenas com modelos elétricos. Essa renovação seria feita em etapas?

Francisco Caldas – Exatamente. A ideia é que toda a nossa frota – atualmente contamos com 86 veículos, entre articulados e biarticulados – seja substituída por veículos elétricos dentro do nosso cronograma que já foi pensado com a capacidade que o mercado tem de entregar esses modelos. Esperamos que parte da frota, de um total de pouco mais de 110 carros, contando com os reservas, já esteja disponível em 2022.

Technibus – Por que a empresa decidiu eletrificar a sua frota? Quais as vantagens para o operador?

Francisco Caldas – O sistema de transporte de eletrificação é muito mais sustentável, e representa, no mínimo, menos 110 toneladas de CO² (dióxido de carbono) liberadas por ano. Além disso, o custo de operação é menor, assim como o de manutenção, por ter menos componentes mecânicos. E proporciona melhor eficiência energética do motor e é fonte renovável de energia.

Technibus – Quando o período de testes estiver concluído, qual será o próximo passo a ser dado pela Metrobus?

Francisco Caldas – A previsão é receber a partir de março outro veículo para mais uma bateria de testes, dessa vez ao longo dos quase 14 quilômetros do trajeto do Eixo Anhanguera, em Goiânia. Esse primeiro protótipo está sendo testado nas extensões por ter piso baixo.  

Technibus – Serão testados outros veículos produzidos por outros fornecedores?

Francisco Caldas – Não, porque entendemos que o modelo em teste tem características de tecnologia e de tráfego semelhantes com os veículos de outras empresas. No primeiro momento, a ideia é conhecer a tecnologia e fazer adequações para a implantação do modelo. Não obstante, é importante deixar claro que o processo licitatório será de ampla concorrência.

Não encontrou o que procura? Busque no acervo