Categoria: Matérias
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Publicado em 30 out 2021
6 minutos
Faltando poucos dias para se completarem seis meses do colapso da Linha 12 do Metrô da Cidade do México — o acidente aconteceu no final da noite de 3 de maio de 2021, causando a morte de 26 pessoas e ferimentos em 98 outras, além de afetar diretamente a mobilidade de centenas de milhares de pessoas na porção leste da Cidade do México e cidades próximas —, duas investigações técnicas do ocorrido foram concluídas e a foi Justiça já foi acionada.
Em 18 de outubro de 2021, a Procuradoria Geral de Justiça da Cidade do México realizou sessão específica para divulgar o informe de resultados da investigação sob sua responsabilidade.
A sessão foi aberta pela procuradora geral de Justiça da Cidade do México, Ernestina Godoy Ramos. O relato sobre as conclusões da investigação foi feito por Ulises Lara López, porta-voz da Procuradoria Geral e coordenador geral de assessores da entidade, e apontaram que o colapso da Linha 12 deveu-se a erros de construção.
A Procuradoria Geral solicitou uma audiência inicial de um juiz de controle contra 10 ex-funcionários, realizada em 25 de outubro de 2021. As denúncias são por homicídio, lesões corporais e danos materiais.
PARECER DA DNV
Cinco semanas antes da manifestação da Procuradoria-Geral, em 7 de setembro de 2021, a empresa norueguesa Det Norske Veritas (DNV), contratada pelo governo da Cidade do México, entregou o seu Parecer Técnico Final à Secretaria de Gestão Abrangente de Riscos e Proteção Civil.
Esse documento indicou que o colapso ocorreu como resultado do encurvamento das vigas norte e sul facilitado pela falta de parafusos funcionais em um comprimento significativo, o que fez com que parte do vão elevado perdesse sua estrutura composta. Em razão disso, as duas vigas funcionavam como duas vigas paralelas independentes, uma viga de concreto e uma viga de aço que experimentavam condições de carga para as quais não haviam sido projetadas.
A apresentação das conclusões da Procuradoria Geral de Justiça
O relato feito pelo porta-voz Ulises Lara López destacou os seguintes pontos, conforme informou o Sistema Público de Radiodifusão da Cidade do México:
Análise de vídeo. Analisou-se um vídeo do acidente o qual evidenciou que o colapso na Linha 12 do Metrô foi gravado às 22 horas, 11 minutos e 14 segundos no dia 3 de maio de 2021.
Falha abrupta. A falha da estrutura ocorreu de forma abrupta e originou-se na viga esquerda na direção da Estação Tláhuac, o que arrastou a viga direita, causando o colapso total da seção em questão.
Acontecimento repentino. A falha foi repentina e ocorreu em 1,9 segundos, não foram observados distúrbios anteriores na ponte, nem foi relatado qualquer evento pelo condutor da composição.
FALHAS DE CONSTRUÇÃO
Parafusos mal posicionados. Os parafusos de cisalhamento que ligam as lajes de concreto às vigas estavam mal posicionados. Em seções onde as lajes de concreto foram destacadas das vigas, todos os parafusos foram mal instalados com padrões irregulares no local.
Falha dos conectores de cisalhamento. Falha generalizada e sistemática dos conectores de cisalhamento para aderir ao patinar superior das vigas principal e secundária, incluindo os parafusos ausentes.
Posicionamento incorreto. Os parafusos que estavam no lugar foram posicionados incorretamente e não houve fusão dos parafusos com as vigas.
Soldas deficientes. Deficiências significativas nas soldas das juntas entre a teia e os patins das vigas principais, com espessuras de solda inferiores àquelas indicadas no projeto.
Prática de soldagem inaceitável. Também foram identificadas soldaduras duplas, uma prática inaceitável e a aplicação de solda sem aquecimento prévio da placa, o que contribuiu para a fragilização das juntas.
Má colocação do metal de base. Foram observadas múltiplas áreas onde a solda foi rasgada devido à má colocação com o metal de base.
Enchimento de soldas. O uso de enchimento foi verificado em algumas soldas, o que também é proibido pelos regulamentos de construção.
DEFICIÊNCIAS NO PROJETO
Ausência de redundância estrutural. Falta de redundância da estrutura, o que implica que, em caso de falha de um elemento principal, toda a estrutura falhará. Estes elementos devem ser submetidos a um controle de qualidade mais rigoroso, chamado Fratura Crítica (o projeto não especificou o uso deste protocolo).
Fixação de pinos verticais. Erro no projeto de não fixar os pinos verticais na área do diafragma das pernas inferiores das vigas principais; esta prática é proibida para todos os regulamentos de projeto de pontes, pois causa um fenômeno chamado Fadiga de Distorção (nos anos 80 causou muitas falhas nas pontes), as rachaduras nas seções colapsadas são consistentes com este fenômeno.
Viga secundária. Projeto inadequado da viga secundária com a viga principal correta. O projeto e o detalhamento incorretos desta conexão geram distorções significativas nas vigas principais.
CONCLUSÕES DA PROCURADORIA
Ulises Lara listou as conclusões a que chegou a Procuradoria Geral de Justiça da Cidade do México.
1 — A instalação insuficiente e inadequada dos parafusos de cisalhamento, particularmente na zona central do vão, originou a perda do trabalho como uma seção composta de aço-concreto, aumentando a distorção do tabuleiro.
2 — O desenho inadequado da conexão inferior dos reforços verticais, na área do diafragma, causou a criação de rachaduras correspondentes ao fenômeno de Fadiga de Distorção na parte inferior da teia da viga esquerda no centro do vão, e abaixo da terminação do reforço vertical.
3 — A junta entre a perna inferior e a alma na área central do vão da viga esquerda foi rasgada principalmente devido à má qualidade das soldas e ao excesso de tensão induzido nesta área pelo detalhamento inadequado da terminação do reforço vertical na área próxima à perna inferior.
4 — O efeito destacado no item anterior foi amplificado pela falta de conexão das placas às vigas principais, devido à quase inexistência de parafusos de cisalhamento.
5 — Após o rasgo na perna inferior e na alma, esta última falhou por encurvamento, causando a falha da viga esquerda e, consequentemente, devido à falta de redundância da estrutura, causou o colapso da estrutura na área da seção elevada.
6 — Nenhum manual de inspeção e manutenção poderia incluir deficiências que estão originalmente no projeto.
7 — O grave erro na construção relativo à falta, má localização e soldagem dos parafusos de corte, pelas mesmas razões, não pôde ser detectado nas inspeções, pois eles não são visíveis como estão dentro da estrutura.
8 — O colapso foi fundamentalmente causado por erros de construção, que contribuíram para acelerar a cinemática do colapso.
Acesse o vídeo com a apresentação da Procuradoria Geral de Justiça
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