Categoria: Matérias
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Publicado em 2 jan 2021
7 minutos
O último trimestre de 2020 marcou a retomada das obras da Linha 6 – Laranja do sistema de metrô da cidade de São Paulo, Brasil.
Na primeira semana de outubro de 2020, quase que simultaneamente, o governo paulista e o grupo espanhol Acciona anunciaram o reinício das obras da futura linha, enfatizando que serão feitos investimentos da ordem de R$ 15 bilhões (USD 2,7 bilhões ou EUR 2,25 bilhões) e que a expectativa é de que o empreendimento gerará de 9 mil empregos.
Quando concluída, a nova linha atenderá diariamente cerca de 630 mil passageiros em deslocamentos entre a zona norte e o centro da capital.
Com 15,3 km de extensão, a Linha 6 – Laranja vai ligar a Brasilândia, na porção noroeste da cidade, a São Joaquim, no bairro da Liberdade, próximo do centro.
A linha cruzará diversos bairros onde estão localizadas algumas das principais universidades paulistanas – razão do nome Linha Universidade.
O projeto inclui 15 novas estações e prevê integração com outras quatro linhas, operadas pelas empresas públicas estaduais Companhia do Metropolitano de São Paulo – Metrô e Companhia Paulista de Trens Metropolitanos – CPTM e pela concessionária privada ViaQuatro.
Atualmente, em termos de transporte público, a ligação entre os dois polos da Linha 6 – Laranja é feita apenas por ônibus e com tempo médio de viagem 90 minutos; com a nova linha metroviária, a ligação direta será feita em apenas 23 minutos.
O projeto completo da Linha 6-Laranja inclui as seguintes estações: Brasilândia, Vila Cardoso, Itaberaba, João Paulo I, Freguesia do Ó, Santa Marina, Água Branca, Pompeia, Perdizes, Cardoso de Almeida, Angélica, Pacaembu, Higienópolis-Mackenzie, 14 Bis, Bela Vista e São Joaquim.
LINHA UNIVERSIDADE
A construção e a operação da Linha 6-Laranja estarão a cargo da concessionária Linha Universidade Participações S.A. da qual o grupo espanhol Acciona é o principal sócio.
O grupo adquiriu o direito do consórcio Move São Paulo e será a responsável pela conclusão da obra, prevista para daqui a cinco anos.
A concessão inclui ainda a aquisição de toda a frota, que deverá ter 22 trens, e prevê 19 anos para manutenção e operação. A linha vai gerar cerca de mil empregos no período de operação.
As obras estiveram paralisadas por quatro anos. A construção da Linha 6-Laranja teve início em janeiro de 2015 e, em 2 de setembro de 2016, por decisão unilateral, a Move São Paulo informou a paralisação integral das obras civis.
O Governo do Estado de São Paulo declarou a caducidade da PPP e, até que as negociações fossem concluídas, a Move São Paulo permaneceu responsável pela conservação e preservação da segurança dos canteiros de obras e dos imóveis vinculados à concessão.
BALANÇO E PROJEÇÕES
Quatro anos de paralisação não deixou de ser um fato frustrante para a população paulistana, que aguarda a nova linha desde a primeira década do século. Para mostrar que a retomada está sendo feita com determinação, o grupo Acciona, publicou no final de 2020, em seu web site brasileiro, um rápido resumo das ações nas primeiras semanas em que está responsável Linha 6 – Laranja do sistema metroferroviário paulistano. A empresa qualifica esta obra de construção como “o maior projeto de infraestrutura público-privado em desenvolvimento na América Latina”.
Segundo a empresa, já houve a seleção, contratação e treinamentos técnicos e funcionais de mais de 200 profissionais. Foi feita a adequação do canteiro VSE Tietê, onde ficarão as equipes administrativas e por onde saem as tuneladoras.
Foi realizada a reforma do canteiro Guaicurus, onde ficarão centralizados os processos seletivos e treinamentos de equipes, e a reforma e adequação do canteiro Santa Marina.
Foram efetuados serviços de limpeza e remoção de lixo e entulho de todos os canteiros (é preciso lembrar que ficaram parados por quatro anos), bem como diálogo com a Prefeitura do Município de São Paulo para a realização de remoção de resíduos em ruas, calçadas e terrenos nos arredores. E houve a recuperação, manutenção e pintura de tapumes, além do isolamento de canteiros de obras.
O consórcio está exercendo vigilância patrimonial e monitoramento constante dos canteiros. E trabalha no monitoramento e apoio ao desvio de tráfego e interdição de vias.
Com relação à obra propriamente dita, realizaram-se levantamentos topográficos, levantamento das condições da construção, configurações arquitetônicas, hidráulicas, elétricas)
Também se efetivaram leituras e interpretação dos instrumentos, bombeamento e esgotamento de poços e vistoria e elaboração de laudos de manutenção dos pórticos.
A respeito dos próximos passos, o cronograma da Linha 6-Laranja de metrô de São Paulo prevê ações paralelas nas 15 estações e em 18 poços, que terão uma média entre 46 m de profundidade, sendo os poços mais profundos de toda a malha metroviária já existente no município. Já no primeiro semestre de 2021 ocorrerá o início das escavações de nove das estações
Diz a Acciona que deste avanço altamente sincronizado depende o início da operação das tuneladoras que farão a escavação dos túneis que conectam as estações. Enquanto um dos equipamentos avançará na direção norte, escavando 5 quilômetros em rocha, o outro seguirá sentido sul, percorrendo 10 quilômetros em solo.
Acciona destaca sua experiência
Por ocasião do anúncio, o diretor país da Acciona Brasil, André De Angelo, comentou no website da empresa. “Este é um projeto que trará um grande benefício social à população de São Paulo, impactando de forma positiva a mobilidade urbana da cidade e gerando mais de 9 mil empregos, fato de extrema importância para ajudar o Brasil na sua retomada pós-crise. Há 21 anos, com a transformação da estação Júlio Prestes da CPTM, contribuímos um legado cultural à cidade, e agora, estamos ajudando a transformar a história da mobilidade do município”.
Ao fazer a comunicação internacional de seu ingresso no projeto, a Acciona destacou que possui credenciais técnicas e experiência no desenvolvimento de soluções de mobilidade urbana, assinalando que nos últimos anos, desenvolveu 44 projetos em sete países. Quanto a projetos sobre trilhos, o grupo informa ter construído construiu 3.000 quilômetros de via, dos quais 1.200 quilômetros de sistemas de alta velocidade.
A empresa informa que tem participado da construção de linhas de metrô em cidades de todo o mundo como Madri, Barcelona, Bilbao, Málaga, Sevilha, Valência, Hong Kong, Lisboa e Dubai.
Na América Latina, a Acciona já participou de obras dos metrôs de Caracas, Venezuela, e Medellín, Colômbia, e está trabalhando no Brasil no desenvolvimento de dois blocos da extensão da Linha 2 do Metrô de São Paulo. Além disso, executou a Linha 3 do Metrô de Santiago do Chile e está perto de concluir a construção da Linha 1 do Metrô de Quito.
Outro aspecto enfatizado pela empresa é sua experiência em construção subterrânea, com mais de 600 quilômetros de túneis executados. Neste momento, a Acciona está construindo os maiores túneis ferroviários dos países nórdicos, na Noruega (22 quilômetros) e foi o responsável pelos túneis da Legacy Way, em Brisbane (Austrália), obra que recebeu diversos prêmios tanto por sua execução técnica quanto por suas medições de proteção ambiental.
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