Categoria: Matérias
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Publicado em 22 mar 2019
4 minutos
A Semana UITP América Latina, promovida pela União Internacional de Transportes Públicos, Divisão América Latina (UITP/DAL) discutiu as principais tendências para o setor de transporte de passageiros, como conectividade, tecnologia e também meios de pagamento.
MÁRCIA PINNA RASPANTI
A sexta edição da Semana UITP América Latina, promovida pela União Internacional de Transportes Públicos, Divisão América Latina (UITP/DAL) reuniu em São Paulo, de 18 a 20 de março de 2019, cerca de 200 participantes, entre especialistas, empresários, pesquisadores e autoridades. Como parte do evento ocorreu também o sexto Seminário ITS UITP América Latina, além do Encontro para Autoridades e a Reunião da Comissão de Tecnologia da Informação & Inovação da UITP.
O secretário geral da UITP, Mohamed Mezghani, ressalta que não é possível definir um único modelo de mobilidade ideal para a América Latina. “Existe uma grande diversidade de situações nas cidades latino-americanas. É importante observar essas diferenças e escolher as melhores soluções de acordo com as especificidades locais e históricas”, acredita. Entre as boas práticas existentes no continente, Mezghani, destacou a experiência das parcerias público-privadas (PPP) de São Paulo e a eletrificação do transporte público no Chile.
Jean Carlo Pejo, secretário nacional de Mobilidade e Serviços Urbanos, do Ministério do Desenvolvimento Regional do Brasil, lembra que, para que haja mobilidade, é necessário um ambiente urbanístico adequado e uma boa infraestrutura. “Hoje, existem 790 projetos em andamento no país, dos mais variados portes e referentes a todos os tipos de equipamentos de infraestrutura. As obras de mobilidade valorizam o entorno de onde são construídas. Esse tipo de intervenção não traz só despesas, pelo contrário, traz riqueza para a região”, afirma.
ÔNIBUS SOB DEMANDA
Uma das discussões promovidas durante o encontro foi sobre o serviço de ônibus por demanda, que começa a se concretizar no Brasil. Alcançados pela queda generalizada e persistente na demanda em praticamente todo o país, os empresários brasileiros do transporte público de passageiros por ônibus entendem que o serviço de ônibus sob demanda tem o potencial de desestruturar as redes municipais e regionais, atendidas mediante contratos que impõem a universalização dos serviços, com rotas fixas, modicidade tarifária e continuidade da oferta, mesmo em áreas e horários com baixa demanda.
Os serviços sob demanda normalmente possibilitam a criação da rotas flexíveis, customizadas e a adoção de tarifas dinâmicas, que se elevam com o crescimento da demanda, deixando de ter o caráter social que, até constitucionalmente, no Brasil, o transporte público por ônibus deve assumir.
“A legislação, muitas vezes, se torna uma amarra que atrasa as inovações”, explica Edmundo Pinheiro, diretor da HP Transporte Coletivo, que acaba de implantar, em Goiânia, um serviço de ônibus sob demanda. Ele defende que haja espaço para serviços inovadores que complementem a estrutura de transporte público. Ao longo do encontro, diversos expositores sublinharam que, mesmo com as novidades, é imperativo preservar a estrutura de transporte já existente.
MOBILIDADE COMO SERVIÇO (MAAS)
A Mobilidade como Serviço (ou MaaS, na sigla em inglês) é um conceito que se torna cada vez mais relevante no setor de transporte de passageiros. “MaaS é uma solução integrada e interconectada, entre diferentes modais e consumida como um serviço”, explica João Ronco Júnior, diretor da Prodata Mobility Brasil. Conectividade, conta unificada, blockchain e regras tarifárias comuns são pré-requisitos para que o MaaS seja implementado de forma efetiva. Fábio Damasceno, secretário de transportes e obras públicas do Espírito Santo, diz que o passageiro passa a ser visto como um cliente.
Ticketing e gerenciamento de tarifa foram temas de um painel durante o encontro. “A mobilidade é muito importante para a indústria de meios de pagamento”, diz Fernanda Caraballo, diretora de desenvolvimento de negócios da Mastercard. Diversas formas de pagamento de tarifas foram abordadas, com destaque para o QR Code e para o uso de cartões bancários contactless para o transporte.
A informação, e portanto, a conectividade, se tornou fundamental para a mobilidade, que tem como base os sistemas inteligentes de transporte (ITS). Existem, entretanto, questões relativas à segurança dos dados e a privacidade dos usuários que ainda geram muitas dúvidas. No Brasil, a falta de regulamentação tem trazido grande insegurança jurídica, como observa Leonardo Cordeiro, da Cordeiro, Lima e Advogados. O planejamento e a integração da mobilidade foram os assuntos escolhidos para encerrar o evento.
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