Categoria: Matérias
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Publicado em 8 mar 2018
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Ao lado da questão energética e da digitalização, a automação integra a tríade das grandes tendências de mudança no mundo da mobilidade, inclusive na América Latina.
Os impactos da automação podem ser observados tanto do ponto de vista da produção e consumo dos serviços envolvidos na mobilidade urbana, como na forma pela qual estes serviços são percebidos e avaliados pelas pessoas.
A automação começou na indústria, logo depois da II Guerra Mundial; inicialmente, tinha o propósito de retirar braços humanos das operações em atividades penosas e arriscadas, significando mais segurança e, sobretudo, maior produtividade. Em pouco tempo, a automação se disseminou para diferentes áreas industriais.
Na América Latina, como em outras regiões, a automação prosperou de maneira significativa na indústria automobilística. Várias atividades na linha de produção do automóvel e em outras empresas da cadeia produtiva desse segmento já há muito tempo são conduzidas de maneira automática.
Mais tarde, a automação acabou alcançando o setor de serviços, transformando radicalmente vários segmentos, em especial o bancário. Praticamente não há termo de comparação entre as operações de um banco nesta segunda década do Século 21 e aquela que era possível há meio século, quando os grandes computadores apenas começavam a equipar o setor.
Sob o rótulo da automação, encontram-se diferentes processos com maior ou menor grau de reconhecimento na sociedade, inclusive no campo da mobilidade urbana.
A automação da operação de trens e metrôs é conhecida há um bom tempo e hoje tem uma expressão muito interessante no serviço ‘driverless’ (sem condutor) que pode ser visto, por exemplo, na Linha 4 – Amarela do metrô em São Paulo – uma tendência que seguramente se espalhará por metrôs latino-americanos.
A automação também já chegou à operação rodoviária. Há países que já a empregam, por exemplo, nos serviços de ônibus dos sistemas BRT (Bus Rapid Transit), para guiar a parada dos veículos nas estações e orientar a adequada abertura das portas de plataforma, garantindo segurança e conforto para os usuários.
O termo automação está estreitamente ligado à ideia de máquinas que trabalham sozinhas e de robôs que chegam para substituir as pessoas. Isso é verdade? Isso é ruim?
Primeiro, é preciso reconhecer que a automação é, de fato, a porta de entrada da substituição de determinados tipos trabalho humano pelo trabalho de máquinas, com a introdução de recursos e processos que, de modo geral, exigem um grau menor de intervenção humana direta.
Sabemos que as máquinas já falam entre si e isso estabelece um patamar totalmente novo, ainda não completamente explorado ou compreendido. A ‘internet das coisas’ (IoT, na sigla em inglês) e o desenvolvimento da inteligência artificial são expressões deste fenômeno.
Isso tem vantagens. E todo mundo começa com as palavras boas: ‘redução dos custos’, ‘melhores recursos operacionais’, e ‘incremento de padrões de qualidade e confiabilidade’.
Mas a automação também tem o seu lado negro, especialmente em regiões de consideráveis desigualdades, como os países latino-americanos, onde a economia ainda se apoia na utilização de trabalho intensivo, com trabalhadores com baixa qualificação e remuneração.
O lado negro são os efeitos no âmbito da geração de empregos. A automação gera empregos qualificados, mas destrói muito mais rapidamente ocupações não qualificadas. Os ciclos de destruição de empregos e de preparação de novas ocupações não coincidem e isto já é tema de estudos e programas em diversos países e organismos internacionais.
O setor da mobilidade urbana precisa estar atento à delicada equação ‘empregabilidade X automação’, pois tem diante de si o desafio de incorporar as vantagens da automação industrial no que se refere à redução dos custos dos seus insumos, combinado com a requalificação dos seus colaboradores para os empregos do futuro.
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